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Espetacular desrespeito à Tradição do Ashtanga Yoga

Se pensarmos na fórmula que soma:
-uma emissora importante tentando promover uma de suas apresentadoras e seu programa sobre sexo
-um programa de TV de esportes que procura mostrar a prática de yoga como uma grande aventura de posturas desafiantes
-uma estória cujo grande desafio é burlar as regras apresentadas por professores e por uma tradição que as estipulou com base no desenvolvimento e na segurança dos praticantes.
O resultado desta fórmula corre o risco de ser desastroso.
Antes que a mentalidade de Polyana se manifeste, com a ideia de que pelo menos o Yoga foi divulgado, lembro que este mesmo modelo mental justifica jogar lixo na rua para pelo menos dar emprego aos varredores, ou que pelo menos a II Grande Guerra retardou a explosão populacional. Este relativismo filosófico tende a desconsiderar aspectos da ética e do aprofundamento da compreensão das questões.
Também li textos de alguns professores de Hatha Yoga que desconhecem o método de Ashtanga Yoga, criticando a reportagem, com base em desinformações, ou experiência de poucas aulas. Afirmo que passei a iniciar o meu entendimento do método ashtanga depois de 4 anos de prática, destes primeiros 4 anos, somente o último foi de prática diária. Hoje, com mais de 12 anos de prática, posso afirmar com convicção que se você não se dedica com constância e longo período a este processo, pouco pode falar sobre ele. É como querer dizer sobre os perigos de explorar a Caverna do Diabo, olhando apenas a entrada da Caverna.
Vamos aos fatos:
Na reportagem aqui comentada a famosa apresentadora mostrou completa falta de domínio de diversas  posturas da segunda série do Ashtanga (por exemplo, kapotasana, pincha mayurasana, e Karandavasana) e até de posturas da primeira série (por exemplo, supta kurmasana).
Isto me traz algumas questões:
Como ela poderia fazer a tentativa de ser aprovada em algo que ela mal executa?
De quem é o desejo desta aprovação? Da emissora? Da apresentadora?
Por que a professora dela concordou com o desrespeito ao método?
Os desastrosos resultados:
A reportagem mostra que em nenhum dia da semana ela foi autorizada a avançar na sua prática.
No último dia, da curta semana, ela não foi acompanhada pela professora, mas por um assistente.
A tentativa de burlar o assistente, e avançar, foi prontamente identificada pela professora.
A professora pergunta quem a ensinou, e passou a perguntar o nome das posturas que estavam sendo realizadas. O fracasso nas respostas é a forma suave de um professor mostrar o despreparo do aluno, e neste grave caso, até o comprometimento do nome do professor que permitiu seu aluno criar tal situação.
Algumas desinformações:
Saraswati Jois não é a principal professora de Ashtanga do mundo, seu filho, Sharat Rangaswamy é o principal professor de Mysore.
Sharat é o neto de Pattabhi Jois, conhecido por ser ainda mais criterioso e rigoroso que sua mãe, por isto, muitos alunos preferem Saraswati pela sua condescendência. Devemos ter claro que condescendência não significa aceitar desrespeito ao método, e à tradição.
Existem vários grandes centros de Ashtanga no mundo, coordenados por professores muito próximos à Pattabhi Jois, com importantes e também rigorosos professores, tais como Eddie Stern (Nova York), Tim Miller (California), John Scott (Inglaterra) ou Lino Miele (Roma). E que também não aceitam de forma alguma o procedimento proposto na reportagem.
O método do Ashtanga Yoga foi transmitido a Pattabhi Jois por Krishnamacharya, o maior nome conhecido do Hatha Yoga no século XX, escolhido pelo Maharaja de Mysore para realizar o resgate de tradição do Yoga na Índia, especialmente junto aos jovens através de uma escola oficial de yoga, o Yogashala. Mestre não citado na reportagem, que ensinou vários importantes  professores como Iyengar, Desikachar e Indra Devi entre outros. Pattabhi Jois era um de seus melhores alunos, e após 16 anos de estudo com o professor, recebeu a autorização de ensino após estruturem o formato da prática do Ashtanga Yoga. Ou seja, a tradição inicia-se, e segue sendo transmitida entre professor e seus alunos escolhidos.
tradicao
Conclusão:
Não compreendo como as pessoas se deixaram envolver com tão infeliz história.
Como a apresentadora de TV quer se colocar como professora de jovens, se ela mesma demonstra o desrespeito aos professores?
Por que a emissora não verificou as informações, e não investiu em demonstrar os nomes respeitosos da tradição?
Por que a professora da apresentadora não a orientou sobre a importância de respeitar as regras e os procedimentos do método?
No livro escrito por Lino Miele, sob orientação de Pattabhi Jois, onde o método do Ashtanga é detalhadamente explicado, a ênfase no fluxo respiratório é apresentado como primordial. Na reportagem, nos mais diversos momentos em que mostra sua prática, a apresentadora demonstra desconhecer a importância da estabilidade da respiração como eixo principal, preocupando-se apenas com as posturas.
Porque a apresentadora e a reportagem dão ênfase às posturas?
Enfim, quero apenas deixar registrada estas reflexões, mais do que afirmações, deixo as dúvidas para serem pensadas, refletidas e promover o exercício da reflexão e da inteligência para todos os praticantes de Ashtanga Yoga, ou qualquer outra prática.
Vitor traduziu para o português a principal obra do Ashtanga Yoga, escrita por seu professor, Lino Miele, e Pattabhi Jois, que ensinou a vida toda o método aprendido por Krishnamacharya.
Vitor traduziu para o português a principal obra do Ashtanga Yoga, escrita por seu professor, Lino Miele, e Pattabhi Jois, que ensinou a vida toda o método aprendido por Krishnamacharya.

11 comentários em “Espetacular desrespeito à Tradição do Ashtanga Yoga”

  1. Vitor, boa tarde!

    Ano passado participei de um Workshop com você no Dharma, no Rio de janeiro. Lendo sua abordagem sobre essa matéria apresentada, me responde algumas reflexões que tenho tido ultimamente.
    Tenho e quero fazer o curso de Yoga na vertente de trabalho terapêutico, já que faço trabalho de terapia em hospital.
    Mas tenho visto “profissionais” que estão criando seus próprios métodos (dito por eles mesmos) e usam as redes sociais como uma ferramenta de exposição das posturas e não apresentam o Yoga maior que existe de fato. Os valores dos cursos desses mesmos profissionais são proibitivos.
    Desejo demais fazer o curso de Yogaterapia com você e gostaria de saber se existe alguma possibilidade de acontecer no RJ esse ano.
    Existe um determinado lugar aqui no Rio que irá iniciar o curso de Yogaterapia Ayurveda, mas fico em dúvida quanto ao profissional e a valorização do curso.
    Agradeço muito uma posição de sua parte.
    Shanti

  2. Marisa Fernandes de Melo Lopes

    Gratidão, por todos os esclarecimentos, meus alunos só falam neste assunto.Repassando a todos seus esclarecimentos. Namastê.

  3. Olá, Vitor!
    Antes de tudo, especial agradecimento por ontem, no final da aula de Yogaterapia. Tivemos a oportunidade de debatermos primeiramente entre nós alunos e depois, com maestria, você foi explicando cada frase do seu artigo.
    Não vou repetir aqui minha argumentação dada em aula, mesmo porque, seria desnecessário à luz do seu artigo escrito com tanta propriedade.
    Agradecido estou também por, conforme comentado durante a aula, sem ler seu artigo, logo, sem a influência do mesmo, descobri que em linhas gerais minha persepcao da reportagem foi muito similar a sua.
    Namaste,
    Fraternal abraço

  4. Em Curitiba, alguma perspectiva de turma de formação em yogaterapia?
    Perdi a oportunidade da Psicologia Budista devido à viagem previamente marcada. Ambos me interessam.
    Simone

  5. Pingback: Como ser um grande professor de Yoga nos dias de hoje

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