Texto de Vitor Caruso Jr. em Novembro de 2008
Você já viu acento circunflexo nas palavras abaixo?
Moça, louça, trouxa, foca, roca, toca.
Não, sabe por quê?
Palavras paroxítonas terminadas em A, não levam acento.
Portanto, ioga, ou yoga, não tem acento.
Mas como a maioria dos brasileiros tem problemas de escolaridade, não devemos ter nenhum comportamento negativo em relação a isto, e sim procurar instruir sobre a correta escrita.
Ioga é com I ou com Y?
Se você for à Índia, aos Estados Unidos ou à Europa, eles vão grafar com Y.
No português, criou-se a nacionalização da palavra com I, que está no dicionário, sinal de como esta prática parece rapidamente associar-se à nossa cultura. Porém também temos no dicionário a palavra skate, show, mouse e outras que não sofreram a mesma alteração.
Assim sendo, I ou Y fica a seu critério.
Devido à aparente falta de leitura e aprofundamento de muitos professores, também o entendimento e compreensão do significado da palavra yoga é completamente distorcido.
Segundo o Yoga Sutra, texto principal da tradição, escrito por Patanjali, que faz uma apresentação profunda do que envolve esta palavra, temos que (de forma geral): yoga citta vritti nirodha.
Não quero me delongar sobre esta explicação, pois este não é o objetivo deste artigo. Mas vale uma rápida apresentação. Nirodha tem uma idéia de contenção, detenção, apaziguamento e cessação.
Vritti tem uma idéia de agitação, movimento, perturbação. Citta é um complexo emocional, psíquico, mental, subdivido nos funcionamentos de outros três processos que recebem o nome de ahamkara, manas e buddhi. Mas para simplificar, a idéia de processos mentais-emocionais é uma redução simplista, mas aceitável.
Assim, a definição de yoga seria qualquer coisa similar à “redução das agitações dos processos mentais e emocionais”.
Portanto, se você conhece alguém que entende yoga como ginástica, alinhamento, saltos, alongamento, exercícios de força, ele tem uma compreensão no mínimo distorcida do significado.
Portanto, fique atento. Pergunte.
Alguns traduzem yoga como união. O que realmente está próximo ao seu significado semântico (com acento, pois é proparoxítona). Porém a união é o fenômeno conseqüente ao cessar das agitações mentais, e não a necessidade de abraçar, e concordar com todos.
Já vi professores de yoga se sentirem obrigados a abraçar outros que tem sérios problemas com a justiça, ou de conduta sexual. Ou ainda não poder desaconselhar o trabalho de um outro colega que machucou os pulsos de um aluno, ou dá aulas aos berros para mais de 20 alunos. Isto não é yoga. Ao contrário, a conduta não ética aumenta as agitações dos processos mentais e emocionais, o que afasta a pessoa do yoga.
Podemos preferir um tipo de prática, ou outro, mas não devemos perder o foco do que significa o que estamos fazendo, pois desta forma, estaremos menos sujeitos a lesões e enganações.
Vitor, sou muito grato por ter lido sua matéria no face! Gostaria de manter o contato e receber outras matérias, se possível. Sou cabalista, dou aulas de meditação, Kabbalah, autoconhecimento e estou introduzindo uma pratica milenar cabalistica – o Ofanim. Trata-se de uma espécie antiga de yoga com base na tradição da Kabbalah judaica e muito próxima do yoga indiano. Assim, nossos conhecimentos se aproximam! Obrigado, namaste e shalom!
Namaste!