Formação de Professor de Yoga é um mercado de oportunidades.
País em crise, as pessoas procurando oportunidades de trabalho.
Você não precisa estudar muito, e também não requer muito esforço.
A demanda existe, e a ideia de que vender saúde e paz parece um ótimo produto.
Tempo da formação de professor de Yoga
Existe no mercado hoje formação de professor de Yoga com diversos tempos.
Você encontra formação de três anos de curso com encontro mensal, dois anos, e também um ano, até com encontros semanais.
Uma famosa rede de academias forma professores em curso de um fim de semana, basta você aprender como executar uma rotina de posturas.
Se você vai ser o professor que vai atrair mais alunos para uma determina unidade, pode ganhar da própria rede o curso, assim existe maneira até de conseguir a FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE YOGA GRATUITA EM UM FIM DE SEMANA.
Entre estes extremos, existem as mais diversas alternativas e possibilidades.
Existe diferenças de uma formação de professor de Yoga para outra
Sim, existe uma significativa diferença de conteúdo entre um curso de três anos, e um curso de um fim de semana. A depender da metodologia de ensino, pode-se ver mais transformação e dedicação à prática e ao trabalho em alunos do curso de fim de semana, do que em relação ao curso mais longo.
Por exemplo, existe um famoso professor em São Paulo, que forma centenas de alunos como professores, ligado a uma grande instituição de ensino, que enche seus alunos de receios e conteúdos quanto à anatomia e patologias, e joga no mercado de trabalho, diplomados, profissionais incapazes de praticar posturas.
Yoga não é só postura? Não, yoga não é só postura. No entanto, estes profissionais serão procurados por clientes que querem aprender posturas de yoga, e como estes novos professores aprenderam que as posturas são muito perigosas, então a prática tem que ser de acordo com um roteiro simples.
Mal percebem que o roteiro simples é devido à limitação pessoal de quem se propôs a ensinar.
As pessoas, em geral, não procuram Yoga para meditar ou recitar mantras e cantar kirtans.
Formação de professor de Yoga para quem não pratica Yoga
Tive uma aluna, incapaz de fazer muitas posturas e avançar na sua prática, por não se dedicar de forma adequada, e por comer de forma errada e em demasia. Entretanto, queria ser a qualquer custo professora de Yoga. Achou um curso de formação de dois fins de semana.
Fez a formação, abriu um espaço de yoga, como não tem muitos alunos, sua saída foi abrir uma formação de professores de yoga. Isto mesmo, ela promove a formação de professores, sendo que mal se enquadraria na classificação de uma aluna decente.
Atendo com frequência a procura de pessoas em busca de um curso de formação, mas que nunca praticaram. Seria como o desejo de ser professor de dança, sem nunca ter dançado antes. Seria importante dançar, se apaixonar pela dança, antes de pensar em ser professor de dança.
Criação de estilos só piora o mercado de formação de professor de Yoga
A necessidade comercial de se diferenciar, faz com que muitos profissionais, mesmo os indianos, criem marcas e formuletas para vender yoga. Desta forma, podem vender mais uma formação de professor de Yoga, como uma novidade mercadológica. Quero lembrar, que a história do Pilates não é muito diferente desta. Em consequência, com um pedaço do quebra cabeça, se cria um produto para venda em um mercado sedento de novidades e que busca a forma fácil de vender coisas sem muito trabalho.
A Piada do Professor Hermógenes sobre a formação de professores
Meu querido Professor Hermógenes costumava contar a seguinte piada: duas mães conversavam sobre o filho de uma delas, ela se lamentava.
— Meu filho é preguiçoso, não queria mais estudar, não queria se esforçar, não fazia mais nada, estava tão preocupada.
— E por que você está tão feliz?
— O vagabundo decidiu ser professor de Yoga!
As pessoas riam muito da piada, até porque o Professor era sempre muito doce, mas não percebiam a crítica que havia por detrás. O Professor acreditava na profunda dedicação aos ensinamentos, ao estudo, à prática que respeitasse os ensinamentos, se não fosse por isto, eu nunca teria me aproximado dele, me tornado seu amigo próximo, íntimo e escolhido por ele para ser seu biógrafo oficial.
O respeito ao Professor e à Tradição
Estas duas expressões hoje em dia estão muito contaminadas.
Vejo um grupo querer se apropriar da expressão Tradição de Krishnamacharya, como se Krishnamacharya não tivesse ensinado Pattabhi Jois, Mohan, Rangaswamy, Indra Devi e Iyengar.
Tira-se a palavra tradição do contexto de respeito ao professor, que respeita seu professor, que respeita seu professor, e assim, acaba por respeitar os textos fundamentais e importantes da tradição.
Meu professor de Ashtanga Yoga, Lino Miele, me fez esperar 8 anos para ser preparado para receber o treinamento de ser um professor autorizado. Isto mesmo, 8 anos de dedicação como aluno, aos ensinamentos e à prática. Aprendi que o principal critério de avaliação nestes 8 anos, foi que ele percebesse se podia confiar no aluno, se o aluno se dedicaria de forma fiel ao ensinamento, e se eu respeitaria a tradição. Só depois de 8 anos me observando, é que ele me convidou para que eu fosse professor. Respeito ao professor, respeito aos ensinamentos, respeito à prática e respeito à tradição.
Vejo que não é diferente nas outras tradições que trabalham de forma séria. Só pude ser ordenado na tradição budista, pelo mestre zen Thich Nhat Hanh, , pai da prática de Mindfulness, após 3 anos de dedicação, novamente, respeito ao professor, respeito aos ensinamentos, respeito à prática e respeito à tradição.
Gurus mentirosos
Outra tendência comum no mercado, e às vezes até mais perigosa, são os autointitulados gurus. Eles são criadores de uma nova metodologia revolucionária, uma nova forma de trabalho, mais inteligente do que tudo que existe e é tradicional. Apresentam sua genialidade como superior a anos de tradição, testes e comprovações. O perigo destas pessoas é que não possuem a prática, e o treinamento em respeito e esforço a um professor e método, e acabam por ensinar sem esta bagagem apropriada, sem a garantia da experiência, e mais cedo ou mais tarde, traem seus alunos, quando seus interesses são outros.
Nesta categoria de autointitulados pode-se encontrar os membros da família de algum famoso professor, que iniciam um processo de novas invenções, com base no próprio sobrenome. Como se o sangue azul lhes provesse algum mérito em especial que os permitisse não seguir os ensinamentos como eram ensinados.
Outra possibilidade, que também tenho visto, quando eles se colocam como única fonte do elo perdido de uma tradição que só restou através deles. São eles a fonte rara do saber, como eles sendo o caminho, a verdade e a vida.
O ridículo mercado online
Tenho plena consciência que muito se pode aprender por vídeos. Eu mesmo sou um grande estudioso neste formato. Tenho certeza que muito conhecimento pode ser transmitido e aprendido pela internet. Mas não há como transformar a vivência pessoal aluno-professor, as correções, não só de posturas, mas correções para a vida que somente anos de relação vão permitir ocorrer. O mercado online para a formação de professores de yoga é motivo de piada, por isto, sinceramente, tão ridículo, que não escrevo muito a respeito.
Como ofereço ensinamentos neste mercado corrupto
Se eu dissesse que é necessário estes anos todos de dedicação pessoal, as pessoas nunca se interessariam, pois, não estão acostumadas ao verdadeiro respeito, esforço e dedicação. Por isto, trabalho oferecendo a Certificação em Yogaterapia, um curso de 12 meses, onde revisamos TODA a literatura traduzida para o português sobre Yoga, lemos muitos livros, aprofundamos a prática pessoal de forma a criar processos de transformação. Estudamos a história, a filosofia, as formas de ensino, e muito mais. O aluno pode dar aulas ao final do curso? Esta resposta eu não sei dizer. Se fosse um curso de dança: este aluno vai ter que dançar muito, vai ler e estudar muito sobre dança, e vou torcer para ao final dos doze meses, ele se tornar um razoável dançarino.
Muito interessante a postagem. Realmente uma pessoa ter feito um longo curso, não significa ser um bom professor. Visto que hoje em dia, infelizmente poucas pessoas conseguem interpretar textos de forma consistente. Mais difícil que isso ainda é absorver os ensinamentos descritos de forma orgânica. O professor yoga sempre terá a obrigação de reler estas literaturas aprimorando sua consciência de acordo com a experiência que adquiri.