Entrevista com Richard Davidson, autor da pesquisa sobre meditação com monges. Amigo pessoal do Dalai Lama, o professor da Universidade de Wisconsin-Madison falou a ÉPOCA.
ÉPOCA – Qual é a principal conclusão de sua pesquisa?
Richard Davidson – Por meio da meditação, podemos intensificar os circuitos cerebrais responsáveis por regular as emoções e a atenção. O mais impressionante é que o tempo de treinamento, o número de horas praticadas ao longo da vida, influencia a magnitude da reação.
ÉPOCA – Todos os tipos de meditação surtem o mesmo efeito no cérebro?
Davidson – As diferentes técnicas provavelmente produzem diferentes alterações, isso precisa ser estudado.
ÉPOCA – A longo prazo, a meditação pode melhorar o funcionamento das sinapses nervosas? Como isso se reflete na saúde?
Davidson – Praticar meditação por longos períodos parece interferir tanto na conectividade e na funcionalidade do cérebro como em sua estrutura. Os circuitos alterados, ao que tudo indica, têm um impacto geral no funcionamento cerebral que beneficia a saúde. Nossa pesquisa sugere que a resposta à vacina de gripe melhora com a meditação.
ÉPOCA – Que tipo de doenças a meditação pode curar?
Davidson – Eu não diria que a meditação cura. A pesquisa mostra que sua prática pode ser um complemento útil para outros tipos de tratamento. Há boas evidências de que a meditação pode prevenir a reincidência de crises depressivas.
ÉPOCA – Psicoterapeutas usam há anos a meditação como relaxamento. Qual a novidade?
Davidson – Não há nada de misterioso a respeito da meditação. O que muda é que a maioria das pessoas não pratica o exercício cerebral tão regularmente quanto pratica os exercícios físicos. As pessoas abandonam qualquer exercício mental depois que se consideram curadas. É importante persistir na prática.