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Seu certificado é pra ser colocado no banheiro

Seu certificado é para ser colocado no banheiro!
Sim, esta é uma das frases que mais me marcaram quando da minha certificação como professor de Ashtanga Yoga.
Esta frase é de meu professor Lino Miele.
Ele salienta que o valor do certificado, um pedaço de papel, é o mesmo daquilo que você faz quando vai ao banheiro. (cocô e xixi)
“O papel pouco importa, o que importa é o seu respeito aos ensinamentos de seu professor, à tradição. O que importa é a sua prática, e se a sua prática respeita o que lhe foi ensinado. Se for diferente disto, este papel não vale nada. SEU CERTIFICADO É PARA SER COLOCADO NO BANHEIRO. Toda vez que você sentar no vaso, lembre-se do valor dele.”

 

Vitor recebe de Lino Miele a autorização para o ensino do Ashtanga Yoga, seguindo a tradição de como Pattabhi Jois o fazia.
Vitor recebe de Lino Miele a autorização para o ensino do Ashtanga Yoga, seguindo a tradição de como Pattabhi Jois o fazia.

Isto me faz refletir muito sobre o valor do certificado, e a super-valorização que alguns professores fazem disto. Muitas vezes se colocando, talvez por insegurança, de forma superior.
Para apresentar o oposto disto, quero explicitar minha experiência de que alguns dos melhores professores que conheço não possuem esses tais certificados de Ashtanga Yoga, cito:

HELOISA BENICHIO – CASA SHALA
PEDRO MORENO TEIXEIRA – SANTOSHA YOGA SHLA
FERNANDO MALULY PACHECO – SADHAKA YOGA

Professor Fernando Pacheco, um exemplo de praticante e professor dedicado ao método do Ashtanga Yoga
Professor Fernando Pacheco, um exemplo de praticante e professor dedicado ao método do Ashtanga Yoga

Sei que existem muitos outros, mas cito estes três por representarem uma estirpe de praticantes avançados, com prática dedicada, sem a enorme fama de vídeos, tv, e facebook, e especialmente, sem o tal certificado, mas que são professores de uma qualidade excepcional.

Não acredito que a certificação seja algo ruim, tanto que eu mesmo sou um professor certificado pelo AYRI (Ashtanga Yoga Research Institute), mas o que acho perigoso quando isto se torna uma arma que prejudica o pretenso professor, e também o aluno que acaba por ser atingido por isto.

Em especial no Ashtanga Yoga, o respeito ao professor, e as regras por ele apresentada são o que perpetuam e sustentam a tradição. Respeitar os períodos de maturação propostos pelos professores, não burlar regras, não avançar além do que foi autorizado, não avançar alunos de forma inadequada, tornar-se humilde, diariamente repetir na prática o compromisso assumido.

Uma das questões mais sérias a se refletir é esta do respeito. Por exemplo, semana passada tive contato com uma praticante, que aprendeu ásanas da série intermediária de uma professora que não termina a série intermediária. Ou seja, com ou sem certificado, o desrespeito às regras do método e da tradição é a forma mais agressiva de danificar o método e o aluno.

tradicao
Lino foi um dos alunos mais queridos por Pattabhi Jois, que aprendeu o método do Ashtanga Yoga de Krishnamacharya. Pattabhi Jois apreciava de tal forma a dedicação de Lino, que este foi o único aluno a conversar sobre detalhes específicos da estrutura do método e  poder escrever sobre ele. Lino também é hoje o responsável pelo AYRI (Ashtanga Yoga Research Institute), nome original da escola de Yoga fundada por Pattabhi Jois nos anos 50.

A professora Annie Pace afirma que por causa do esforço e dedicação de Lino ao método e a Pattabhi Jois, que Guruji, como Pattabhi Jois era chamado pelos alunos, sentiu confiança em compartilhar como ele todos os detalhes e estruturas. Pois sabia que Lino não faria modificações, alterações, modernizações que pudessem desconfigurar a forma ensinada.

Annie Pace, que auxiliou Lino na produção do trabalho orientado por Pattabhi Jois.
Annie Pace, que auxiliou Lino na produção do trabalho orientado por Pattabhi Jois.

Tive a felicidade de estar com Lino em sua casa, e este me apresentou os documentos assinados por Pattabhi Jois onde o mesmo confirmava o exato número de movimentos, respirações na montagem de cada postura. Documentos que comprovam a seriedade com que P. Jois tratava o assunto, e justificavam a retidão da obra que os dois produziam juntos.

Meu destaque sobre a obra, neste artigo, é mais uma tentativa de mostrar a importância que P. Jois dava ao método, à estrutura do ensino, e à dedicação que o aluno mostra ao que é ensinado. Muito mais do que certificados, é a prática e o ensino que deve prevalecer. No caso de Lino, ele começou a escrever a obra para P. Jois, mesmo antes de ter seu certificado de professor. Ou seja, a confiança no ensino, na transmissão, na fidelidade ao ensinamento, parece ser prioritária ao pedaço de papel.

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