Nossos velhos hábitos negativos parecem ter um comportamento traiçoeiro.
Quando não aparecem por muito tempo, temos a impressão de tê-los superados.
Desenvolvemos uma certa leveza, e até uma pequena dose de esquecimento da sua existência.
Aí parece surgirem as condições para o seu ressurgimento. Como se tivessem guardando forças, em local escondido, para ressurgirem de maneira intensa.
Se isto acontece, nos sentimos mais derrotados do antes, pois nos pensávamos mais fortes.
É como um retrocesso para uma posição anterior à posição de partida.
Muitas vezes este acontecimento se torna o ponto inicial de uma vivência depressiva.
Como se fosse a confirmação que faltava para uma declaração de incapacidade, ou de inutilidade da própria existência.
Culpa e rancor contra si próprio começam a ser novamente alimentados, e disto, para sua transmissão aos outros é só um passo.
Onde reside a chance para um auto-perdão, e um recomeço?
Como posso fortalecer-me para que esta nova falha se torne um definitivo aprendizado?
A resposta está no aqui e no agora.
Neste momento somos livre para nos direcionarmos.
Liberdade que pode tocar tanto o futuro quanto o passado.
Porém este toque pode ser um toque de sabedoria, um gesto de conhecimento.
Posso tocar o passado com o perdão, e o futuro com uma ação construtiva.
Meu mestre Zen Thich Nhat Hanh afirmou centenas de vezes: “O futuro é construído por nossas ações do presente”.
Tocar o passado, “como uma mãe que acolhe o choro de seu bebê, com uma energia de compreensão para transformar aquela insatisfação”.
Façamos isto conosco.
Acolhamos a nossa história de forma tão generosa e gentil, a ponto de libertar-nos em infinitas possibilidades de comportamento. Construamos o futuro, com plenos gestos no agora. Ações cuidadosas, límpidas, resplandecentes, construtivas. O futuro será o resultado destes gestos. Feito do ontem, realizado hoje, brilhante no futuro.
Por Irmão Vitor Caruso Jr. em Julho de 2012