Eu o conhecia desde pequeno, seus livros de yoga já eram sucessos de venda a quase 10 anos, na data de meu nascimento.
Seria loucura prever que nos tornaríamos amigos e confidentes tão próximos.
Ele me conheceu em 2003, uma simpatia instantânea. Ambos escritores, trocamos livros.
Mas sua maneira doce era insuperável, dois meses depois do primeiro encontro, ele me escreve uma carta, dizendo o quanto estava maravilhado com meu trabalho, meu livro, minha história, e que éramos irmãos de caminhada.
Daí pra frente, nossa relação só aumentou.
Ele era extremamente doce com minha primeira esposa, Marília, e mais brincalhão com a segunda, Lili, celebrou meu casamento com esta última, e foi o principal responsável por influenciar a ter mais uma filha, a minha filha, meu maior tesouro, Maria Mariana, que apenas trocou sorrisos com ele por algumas vezes.
Não tinha como não se tornar aluno dele, pois ele tinha tanto a ensinar, que todo o momento era um momento de aprendizado. Mas me surpreendi como ficamos amigos e parceiros de trabalho, depois, somente depois, me tornei seu biógrafo, o contador de suas histórias.
São tantas histórias, que poucas couberam em sua biografia.
Ela era coerente, sem ligar para a coerência. Defendia o vegeterianismo, mas brincava de forma querida e simpática com quem comia carne. Mas sempre creditou à sua alimentação boa parte da longevidade que tinha, e do que chamava “Medicina sem Remédios”.
A primeira prescrição de sua medicina, era para deixarmos de sermos normóticos. É muito fácil aceitar a pressão social, fazer o que os outros fazem. Esta busca pela aceitação, nascida na falta de auto-estima, reforça o comportamento médio, tornando a todos medíocres. Uma brincadeira com a palavra, aqueles que crêem na média, medíocre.
Muitos se entitulam seu aluno, seu seguidor, mas poucos leram profundamente seus livros, e mais ainda, tiveram a coragem de seguir seus conselhos, um exemplo, na sua principal obra “Auto-Perfeição com Hatha Yoga” :”…o açúcar é desmineralizante e esclerosante…suprimir açucar é resguardar-se contra a obesidade e contra os acidentes das coronárias… Você fecha a porta da sua casa para que as pessoas inconvenientes não entrem. Só abre para receber bons amigos. Faça assim com sua boca, e estará defendendo ou conquistando a saúde, o bem-estar e tudo mais que contribua para continuar vivo.”
(Saiba mais como melhorar hábitos alimentares, clique aqui.)
Este é apenas um, dos inúmeros conselhos para uma vida mais plena que ele sempre propagou. De forma sempre amorosa, gentil, mas se olharmos em profundidade, havia um rigor, porém um rigor que deveria ser auto-gerido, cada um se colocando na sua própria condição. E talvez fosse esse o segredo do seu amor, aceitar as pessoas que não conseguiam se comprometer com seus conselhos, da mesma forma que acolhia as pessoas bastante comprometidas.
Sinto que meu interesse por seus livros e leituras que ampliou nossa relação. Especialmente a obra de Pietro Ubaldi, que analiso e apresento em meu livro “AMARIA”. (Adquira na nossa livraria, clique aqui.) Livro escrito em sua maior parte baseado em indicações de leitura de Hermógenes, além de Pietro Ubaldi, seu grande amigo e influência, Carlos Torres Pastorino.
Quando Hermógenes partiu, vivia um dos momentos mais devastadores da minha vida, e mergulhei em profunda tristeza, até que então tive claros sinais de que sua partida da existência terrena era para que estivesse ainda mais presente junto àqueles que amava, e que amavam seu trabalho. (adquira sua biografia, clique aqui.)
Texto escrito por Vitor Caruso Jr., em junho de 2015, para a revista do Yoga
Até hoje não tenho o seu livro. Também tenho pensado muito nele. Saudades…
Pode comprar no site do Ciência Meditativa ou da editora Bodigaya, mas é uma leitura obrigatória. Saudades também.