O Segredo Espiritual da Constante Prática do Professor Hermógenes

Estava a dirigir pela cidade de Curitiba. Os dias eram agitados. Na época, o Congresso Brasileiro de Meditação envolvia 10 a 12 palestrantes, e eu era responsável pelo transporte, hospedagem e refeições da maioria.
Naquela tarde, o Professor Hermógenes era meu co-piloto no carro, e tínhamos como especial passageira, a professora Lia Diskin, da Editora Palas Athena.

Ela, uma professora querida, e uma das maiores especialistas mundiais em cultura de não-violência.
Velhos conhecidos, eles trocavam informações sobre como estavam suas atividades rotineiras, e o bem-estar de pessoas queridas que conheciam em comum.

Meu ouvidos eram pura atenção. Tão queridos professores requeriam não só especial atenção do motorista, meu principal papel, mas eram jóias de ensinamentos e gentilezas trocadas por tão sábios mestres da vida.

Em determinado momento Lia comenta sobre a intensa agenda que é viajar para seminários, e quanto que estes compromissos acabam por se estender por todo o dia, dificultando a prática espiritual formal.

Neste instante, não me dei conta de que estava para receber um dos mais preciosos ensinamentos espirituais de toda a minha vida.

Hermógenes confessa que não deixa de praticar nenhum dia sequer, mesmo com a mais intensa agenda de todos nós.

A afirmação nos deixa estupefatos. Mas como? Como ele conseguia? Ele que tinha a agenda mais cheia de todos nós…

Lia traz a questão que estava vibrando no fraterno clima espiritual dentro do veículo: Como você faz?

Hermógenes respondeu: Eu procuro olhar bem nos olhos de cada um que encontro pelo caminho, olho bem nos olhos, e tento ver Deus se manifestando naqueles olhos. Procuro Deus nos olhos de cada um que encontro. Esta é minha prática. Assim eu sempre estou a praticar.

Fez-se silêncio. Ninguém esperava tamanha amorosidade manifesta em tão simples conduta. Hermógenes havia criado tal exercício para si próprio, para que sua vida se tornasse prática, e seus gestos se manifestassem como prece.

Este é apenas um exemplo do que aprendi ao trabalhar 10 anos com Hermógenes, uma abundância de sabedoria e conselhos que nos alimenta até hoje. Escreveria aqui Saudades Professor, mas seria mentira, pois sinto ele presente todos os dias. Hermógenes Vive!